Em entrevista ao MG1, Romeu Zema (Novo) afirma que estado está quase falido e que dívida deve ser renegociada

Em entrevista ao MG1, Romeu Zema (Novo) afirma que estado está quase falido e que dívida deve ser renegociada

O governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), concedeu entrevista neste sábado (17) ao MG1 da TV Integração e disse que o estado está quase falido. Segundo a Associação Mineira dos Municípios (AMM), a dívida de MG com as prefeituras ultrapassa os R$ 9 bilhões.

Zema afirmou que a equipe de transição formada está se inteirando dos dados do Estado.“Nós sabemos que a situação financeira de Minas Gerais é praticamente de falência. É um estado que já, há anos, está atrasando os repasses para as Prefeituras, paga atrasado o funcionalismo público. Nós ainda não temos ideia do tamanho deste rombo, mas já sabemos que ele é muito grande, é público, mas tememos que alguma coisa ainda apareça”, disse.

Ele afirmou, ainda, que é possível se fazer alguns ajustes na contabilidade de forma que a situação seja transparente e afirmou: “estamos tomando todo o cuidado para levantarmos esta situação afim de termos uma previsão do que vai ser necessário ser feito”.

Romeu Zema nasceu em Araxá, tem 53 anos e é empresário. Ele foi eleito governador do estado em sua primeira participação no processo eleitoral.

Ao ser perguntado se não teria boas notícias para os servidores públicos do Estado, cujos salários são escalonados há dois anos, no início de seu mandato, Zema afirmou que tomará medidas corretivas para que isso não ocorra e afirmou que já está renegociando a dívida do Estado com o Governo Federal.

“As medidas corretivas começarão a ser tomadas imediatamente, que é a redução de gastos aonde for possível, aumentar a receita sem ampliar impostos. Porque Minas Gerais nos últimos anos tem maltratado quem trabalha. Eu quero um governo que seja amigo de quem trabalha, e não inimigo. E já estamos, inclusive, renegociando com o Governo Federal a dívida de Minas Gerais. Essa renegociação é essencial, porque é através dela que nós vamos um alívio no caixa. Hoje, Minas Gerais paga cerca de R$ 7, R$ 8 milhões por ano de serviço da dívida junto ao Governo Federal e nós vamos precisar ter essa renegociação que vai dar esse alívio. Mas vale lembrar que ele exige contrapartidas, exige medidas de economia, que é o que nós vamos tomar”, afirmou.

Zema afirmou que já conversou com sindicatos, mas que são várias as categorias que estão com o pagamento atrasado no Estado. Em sua fala, o governador eleito citou professores, militares, profissionais da saúde e fornecedores. No entanto, afirmou que a maior pressão até então veio dos prefeitos municipais.

Romeu Zema concede entrevista ao MG1 — Foto: Reprodução/TV Integração
Romeu Zema concede entrevista ao MG1 — Foto: Reprodução/TV Integração

“A grande pressão tem surgido é dos prefeitos, eu diria. A maior pressão. Porque já temos prefeituras que estão pagando funcionalismo municipal atrasado. Tem prefeituras que estão enfrentando uma dificuldade gigantesca, porque elas dependem totalmente destes repasses constitucionais”, relatou.

Encontros mensais com o presidente eleito

Perguntado se o mineiro deverá enfrentar um ano de contingência econômica em 2019, o governador eleito afirmou que espera o apoio do Governo Federal e que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), pretende se encontrar mensalmente com todos os governadores do país.

“Nós muito provavelmente vamos passar a ter uma reunião mensal com todos os governadores presentes junto com o presidente e a equipe econômica dele para que haja essa interlocução. Até então, ficava muito difícil. Era um governador que ia avulso à Brasília, um ou outro conseguia conversar com o presidente ou com o ministro da Fazenda. E ficou decidido que vai haver essa coesão para que as coisas sejam solucionadas com mais rapidez para que a comunicação flua melhor. Então, dia 12 de dezembro vamos estar de volta à Brasília, todos os governadores, junto com o presidente e a equipe dele. E esperamos que o resultado apareça. E, em gestão, você sabe que essa proximidade é essencial, muito importante”, falou.

O governador eleito afirmou, também, que pretende manter uma relação aberta e de diálogo com os deputados estaduais eleitos e que prestará contas da situação do Estado à Assembleia Legislativa a cada 60 dias.

“Já falei com ele [Adalclever Lopes (MDB), atual presidente da assembleia] que a cada 60 dias eu vou estar na Assembleia, mostrando para os deputados estaduais como está a situação do estado, coisa que nunca aconteceu. No meu mandato de quatro anos, com certeza, eu vou visitar a assembleia mais vezes do que os últimos cinco governadores. Então é essa proximidade. Parece que aqui no Brasil quem é eleito se isola e passa, às vezes, a ficar dentro de uma redoma, de uma bolha, e não é isso que eu quero. Você precisa estar junto para saber o que está acontecendo”, externou.

Equipe de Governo

Ao ser indagado sobre seu secretariado, Zema afirmou que já está considerando vários nomes e que “estaria em apuros” se já estivesse com cargos definidos por pessoas que o apoiaram. No entanto, afirmou que trará alguém daquilo que chamou de “política tradicional” para trabalhar ao lado do vice-governador, Paulo Brandt.

“Nós já estamos com vários currículos e com vários nomes sendo considerados, e vejo que ter essa liberdade é essencial para um bom governo. Eu estaria em apuros, na minha opinião, caso eu já tivesse com alguns cargos definidos por pessoas que me apoiaram. Porque seriam nomes que, com certeza, não seriam os melhores e também, caso essa pessoa viesse a ter um mal desempenho, eu estaria impedido de demiti-lo, vamos dizer assim. E, mesmo que o fizesse, eu teria que aceitar outro nome indicado pelo partido. (…) Sobre essa questão do apoio político, nós temos hoje como vice-governador o Paulo Brandt, que já é alguém de Belo Horizonte e que sempre esteve envolvido em questões políticas, mas como técnico e conhece a maioria dos deputados, nós também estamos vendo um nome para trabalhar junto com ele que, com certeza, vai ser um nome aí da política tradicional para que ele tenha bom trânsito entre os deputados, assembleia, os poderes, etc. Não dá para você chegar em um país em que você não conhece a língua e querer falar sua língua. Você precisa ter um intérprete lá, e nós vamos ter sim”, contou.

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