Pimentel reúne servidores, cria comissão, mas não garante fim dos atrasos nos salários

Pimentel reúne servidores, cria comissão, mas não garante fim dos atrasos nos salários

O governo criou uma comissão para acompanhar o fluxo de pagamento e reconheceu que a explicação para os sindicatos veio tarde

Pimentel anunciou a criação de uma comissão de servidores para acompanhar os pagamentos

O governador Fernando Pimentel (PT) anunciou nesta quarta-feira (8) a formação de uma comissão de representantes dos servidores para acompanhar nos próximos meses, com o estado, o fluxo de caixa e os pagamentos de salário das diversas categorias. O petista não garantiu, no entanto, o fim dos atrasos nos depósitos dos contracheques, que se tornou uma constante principalmente a partir do início deste ano.

Também não houve nenhuma solução para o fato de os inativos estarem recebendo depois dos funcionários da ativa.

O resultado do encontro foi informado pelo secretário de Planejamento e Gestão Helvécio Magalhães, escalado como porta-voz do petista, que não deu entrevista. “Atraso não é uma vontade, é uma contingência a cada semana. E é isso que os servidores, por seus representantes, vão poder acompanhar a partir de agora e antecipar os eventuais problemas de fluxo de caixa em um ou dois dias”, disse.

A folha de ativos e inativos custa mensalmente ao estado R$ 2,4 bilhões. Questionado sobre a garantia aos servidores de que não vai haver mais atrasos, o secretário afirmou que o descumprimento das escalas anunciadas pelo próprio governo não é algo programado.

Sem garantias

“Só não houve a garantia porque não podemos dá-la. Estamos usando recursos correntes, o que entra a cada dia da arrecadação de impostos. Os atraso em decorrência de contingências não programadas, portanto, não temos como garantir o que não está no manejo do governo”.

De acordo com Helvécio Magalhães, a reunião com os 27 sindicatos foi para “compartilhar de forma mais didática” os números de estado e mostrar que o parcelamento, assim como os atrasos nos repasses aos municípios não são “uma vontade do governo”.

O governo argumentou aos servidores que o custo dos aposentados e pensionistas é o grande motivo do deficit que levou o estado a parcelar salários. Segundo Helvécio Magalhães, foi dito aos sindicalistas que,em 2017, o rombo previdenciário foi de 16,5 bilhões e que esse deficit é crescente, não adiantando falar me decisões mágicas.

Reunião tardia

O secretário disse que o governo tem duas consultorias tratando da questão e que tem um esboço de proposta de criação de “fundo multifacetado de equacionamento progressivo financeiro e atuarial da previdência pública de Minas”. Helvécio antecipou que tal reserva seria composta de ativos que poderiam vir das estatais, como Cemig, Codemig e Copasa, “preservando os direitos do patrimônio público”.

Questionado sobre o fato de Pimentel ter reunido pela primeira vez todos os representantes dos servidores, Helvécio Magalhães disse que o petista delegou o contato com o funcionalismo durante os três anos e mais de seis meses de gestão aos secretários, que estiveram várias vezes com as categorias. “Faz parte do ato de governar, eles pediram enfaticamente esta reunião e foram atendidos”.

O secretário reconheceu que a explicação ao funcionalismo sobre os atrasos e o parcelamento foi tardia. “Eles reclamaram que a gente devia ter feito isso antes (a reunião), porque isso deveria ser público para toda a população de Minas Gerais há muito tempo”.

Sindicalistas frustrados

Sindicalistas que participaram da reunião deixaram o Palácio da Liberdade frustrados, já que não houve nenhuma sinalização sobre o fim do parcelamento de salários e dos atrasos nas escalas divulgadas. “É a primeira vez que o goernador recebe os sindicatos desde que assumiu e estou saindo decepcionada, porque não tivemos nenhuma resposta. Continua o escalonamento e o atraso do atraso. Não temos garantias de que não vai ter atraso no mês que vem”, afirmou a presidente do sindicato dos servidores do Ipsemg, Maria Abadia Souza.

O diretor do Sindicato dos Servidores Públicos de Minas Gerais (Sindpúblicos), Geraldo Henrique, disse que a proposta de criação de um fundo para equacionar as contas no futuro é positiva, mas também ressaltou a frustração por não ter sido dada uma solução para o pagamento de salários dos funcionários. “Reclamamos principalmente a questão dos aposentados que estão sendo preteridos, deixados para pagar sempre por último, porém o secretário disse diante das dificuldades continuarem no momento infelizmente a escala vai ter que ser da forma que está sendo colocada”, disse.

Parcelamento

Os salários dos servidores de Minas está sendo pago de forma escalonada desde fevereiro de 2016. As duas primeiras parcelas eram de R$ 3 mil até o mês passado. Em julho,o governo de Minas reduziu este valor para R$ 1,5 mil para os servidores da Educação e demais categorias, mantendo os R$ 3 mil apenas para a segurança e os funcionários da Fhemig.

Os vencimentos de julho só terminaram de ser creditados nas contas dos aposentados na terça-feira, 7 de agosto, quando a data prevista era 31 de julho.

O encontrocom os representantes de todos os sindicatos foi a portas fechadas e não foi permitido à imprensa entrar nem para o registro de imagens. Todos os sindicalistas tiveram os celulares recolhidos durante a reunião, prática que o governo vem adotando como praxe. Segundo a assessoria do governador, Pimentel já havia se reunido separadamente com algumas categorias, como a da educação.

Fonte: Estado de Minas

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