Comissão do Congresso aprova MP que altera marco legal do saneamento básico

Comissão do Congresso aprova MP que altera marco legal do saneamento básico

Uma comissão mista do Congresso Nacional aprovou nesta quarta-feira (31) a medida provisória (MP) que muda o marco legal do saneamento básico.

O texto foi editado pelo presidente Michel Temer e, segundo o governo federal, visa “garantir maior segurança jurídica aos investimentos no setor de saneamento básico e aperfeiçoar a legislação de gestão dos recursos hídricos”.

Por se tratar de uma MP, o texto já está em vigor desde a publicação no “Diário Oficial da União”, em julho.

Para se tornar uma lei em definitivo, contudo, a MP precisa ser aprovada pelo Congresso até 19 de novembro. Caso contrário, perderá a validade.

Com a aprovação na comissão mista, a proposta segue para análise do plenário da Câmara. Se for aprovada pelos deputados, ainda terá de ser votada pelo Senado.

Entenda a proposta

O projeto aprovado nesta quarta-feira atribui à Agência Nacional de Águas (ANA) a competência de elaborar normas de referência nacionais para os serviços públicos de saneamento básico.

Defensores da MP dizem que atribuir essa função à ANA permitirá “harmonizar” as várias regras regulatórias instituídas por estados e municípios.

“A falta de harmonização nas normas de regulação dificulta o desenvolvimento do setor de saneamento básico e a universalização dos serviços”, afirma o senador Valdir Raupp, relator da proposta.

O texto também visa facilitar a participação da iniciativa privada na prestação de serviços de saneamento.

Isso porque o projeto prevê a necessidade de abertura de licitação para obras de água e esgoto. Antes da edição da MP, as prefeituras podiam, sem licitação, optar por fazer o trabalho com uma empresa pública.

O texto também elimina o chamado “subsídio cruzado”, mecanismo pelo qual se permite investimentos em regiões com menos recursos a partir de lucros obtidos em localidades rentáveis.

“A justificativa para tanto reside na percepção de que o modelo em vigor desde a década de 1990 – fundamentalmente a prestação regionalizada por empresas públicas estaduais de saneamento, viabilizada na prática pelo subsídio cruzado – não foi capaz de concretizar soluções eficientes para o déficit verificado nos serviços de saneamento, especialmente na coleta e tratamento de esgotos”, diz o relator.

Críticas

Deputados contrários ao projeto afirmaram que a medida provisória abre caminho para a privatização irrestrita do serviço de saneamento básico.

Também disseram que a proposta pode elevar os preços das tarifas e aumentar a desigualdade no serviço de saneamento entre as cidades mais ricas e as mais pobres.

Rapidez

Parlamentares contrários ao texto também criticaram o ritmo imprimido aos trabalhos da comissão mista.

O grupo foi criado nesta terça-feira (30), quando o relator apresentou parecer favorável à MP. Nesta quarta, pela manhã, foi realizada uma audiência pública para debater a proposta. À noite, a reunião da comissão foi retomada e o relatório, aprovado.

O deputado Tadeu Alencar (PSB-PE) questionou a velocidade dos trabalhos. “Deveria ser um debate amplíssimo. O protesto que o PSB faz sobre essa discussão é exatamente essa velocidade que não tem, a meu juízo, razões de ordem público”, afirmou.

FONTE: G1

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