Mais de 180 cidades de Minas continuam a devastar a Mata Atlântica

Mais de 180 cidades de Minas continuam a devastar a Mata Atlântica

Bioma sob risco de extinção no país, a mata atlântica está sumindo em municípios mineiros, principalmente no Jequitinhonha e Norte de Minas. Na Grande BH, ainda há remanescentes

Motosserras e tratores puseram abaixo remanescentes florestais da mata atlântica em 184 municípios mineiros, entre 2015 e 2016. Um rombo de 7.410 hectares (ha), ou área equivalente a 7.410 campos de futebol, num dos biomas mais diversificados e ameaçados do planeta. O saldo aterrador é o que mostra um compilado de informações de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) organizado em mapas pela Fundação SOS Mata Atlântica e que foi apresentado nacionalmente no final do ano passado, na forma do “Atlas dos Municípios da Mata Atlântica”.

Os campeões do desmatamento mineiro do bioma são os municípios de Jequitinhonha, no Vale do Jequitinhonha, Águas Vermelhas e São João do Paraíso, no Norte de Minas. Se somadas todas as áreas preservadas, recantos isolados e florestas em propriedades particulares restam, ainda, 12,4% de cobertura vegetal no domínio da mata atlântica em todo o Brasil. Mas há lugares com grande cobertura vegetal desse domínio, mesmo na Grande BH, como Nova Lima, onde um quarto (11.500ha) do território (42 mil ha) é de mata atlântica.

O lugar que mais devastou a mata atlântica em Minas Gerais foi Águas Vermelhas, município de 13.560 habitantes quase na divisa com a Bahia, onde apenas 6,5% da população está empregada e as principais atividades são o extrativismo vegetal e o plantio de banana, café, laranja, cana-de-açúcar, feijão, mandioca e milho. Naquelas terras, de acordo com o estudo, foram cortadas 753ha de mata nativa. Na sequência, vêm os municípios de São João do Paraíso (573ha), Jequitinhonha (450ha). Também do Norte de Minas são quarto e quinto colocados no ranking do desmatamento, respectivamente: Curral de Dentro (389ha) e Montalvânia (238ha).

Para a diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, a situação atual é lamentável, principalmente por constatar que os municípios do estado ainda permitem o desmatamento. “A mata atlântica é o bioma mais ameaçado do país. Um total de 72% da população brasileira vive na mata atlântica, assim como mais da metade dos animais ameaçados de extinção do país. Ao desmatar, estamos prejudicando nosso próprio bem-estar e qualidade de vida”, afirma. O estudo, que conta com o patrocínio do Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, traz também o ranking geral de desmatamento nos 17 estados onde há mata atlântica.

 

APLICATIVO Informações detalhadas sobre a situação dos 3.429 municípios abrangidos pela Lei da Mata Atlântica podem ser encontrados no site “Aqui Tem Mata” (aquitemmata.org.br), que oferece uma busca personalizada por meio de mapas interativos e gráficos sobre o estado de conservação de florestas, mangues, restingas e outras áreas naturais do bioma. “O aplicativo foi produzido para contribuir com as atividades de pesquisa, educação ambiental e mobilização. Qualquer pessoa pode ter acesso e conhecer o histórico da situação da mata atlântica local e ajudar a defendê-la”, afirma Flavio Ponzoni, pesquisador e coordenador do Atlas pelo Inpe.

A mata atlântica está distribuída ao longo da costa oceânica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões Sudeste e Sul. De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei 11.428, a mata tlântica abrangia originalmente 1.309.736 quilômetros quadrados no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 estados: PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS.

A Fundação SOS Mata Atlântica atua desde 1986 na proteção dessa que é a floresta mais ameaçada do país. A ONG realiza diversos projetos nas áreas de monitoramento e restauração da vegetação, proteção do mar e da costa, políticas públicas e melhorias das leis ambientais, educação ambiental, campanhas sobre o meio ambiente, apoio a reservas e unidades de conservação, entre outros. Mais informações pelo site sosma.org.br. O Inpe atua nas áreas de observação da Terra, meteorologia e mudanças climáticas, ciências espaciais e atmosféricas e engenharia espacial. Presta serviços operacionais de monitoramento florestal, previsão do tempo e clima, rastreio e controle de satélites, medidas de queimadas, raios e poluição do ar.

Fonte: Estado de Minas

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