A luta dos brigadistas e voluntários contra as chamas

A luta dos brigadistas e voluntários contra as chamas
Por Matheus Adler, para o Jornal Estado de Minas
A onda de calor que pairou sobre Minas Gerais também trouxe o “combustível” para alimentar as chamas que devastaram a vegetação em algumas localidades do estado. Em ocasiões como essa, o Corpo de Bombeiros é sempre o primeiro a ser acionado pela população. No entanto, a mobilização na luta contra as labaredas também ganha aliados da sociedade civil, como brigadistas e voluntários. Alguns deles, inclusive, nem sequer têm treinamento, mas, com a gana de ajudar e impedir que os incêndios devastem a natureza, superam os limites da técnica.
 
No incêndio que devastou a Serra do Cipó, na Região Central de Minas, por 10 dias, o Corpo de Bombeiros estima que 16 mil hectares tenham sido consumidos pelo fogo. O prejuízo só não foi maior porque militares, brigadistas contratados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e voluntários ajudaram na extinção das chamas. Uma das pessoas que auxiliaram nos trabalhos foi o biólogo Carlos Eduardo Benfica, que passou pelo menos seis dias atuando para apagar as labaredas.

 

Ao Estado de Minas, Benfica relatou que nunca havia visto um incêndio da proporção do que atingiu a Serra do Cipó neste ano. Ele relatou os momentos dramáticos na linha de frente do combate às chamas. “É uma sensação de guerra. Literalmente, cada um lutando por sua vida. Mas eu diria que a gana, a raça, o tanto que você precisa se doar pela causa, o fato de que você precisa contar com todos ao seu lado e vice-versa, tudo isso é praticamente uma mentalidade de ‘vamos ganhar a qualquer custo’. É uma coisa impressionante o tanto que esse incêndio conseguiu afetar”, disse o biólogo.

Carlos Eduardo contou que as equipes na Serra do Cipó tiveram o auxílio de brigadas de outras localidades, como da Serra do Caparaó e do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, além de autônomos e bombeiros militares folguistas. Apesar da ajuda extra, o biólogo sentiu que a principal dificuldade na luta contra o fogo foi a logística, mais especificamente no gerenciamento de pessoas, uma vez que a comunicação entre os combatentes era difícil.

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

“Uma comunicação onde o celular não pega direito e os rádios são escassos dificulta bastante. Durante a noite, período em que os helicópteros e aeronaves não realizam atividades, por volta das 18h até as 6h, ficamos sem apoio logístico aéreo. Então isso dificulta ver qual a dimensão das chamas durante esse período”, afirmou.

Num combate de grandes proporções, como foi o caso na Serra do Cipó, a rotina de todos envolvidos, mesmo que de forma involuntária, sofre alterações, principalmente no que diz respeito ao sono. Entre os turnos noturno e diurno, Carlos disse que chegava a dormir apenas duas horas, mas que o período de descanso variava bastante.

“Não tem padrão. Foram seis dias. Teve dia em que consegui dormir seis horas, em outros, três horas. E teve dia em que consegui dormir duas horas. Tem que ir até onde o seu corpo consegue aguentar, mas, no geral, para pegar esses dois turnos, eu diria que você teria que dormir quatro horas, até porque tem toda a logística de encerramento do noturno e iniciação do diurno.” Leia mais aqui.
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