Extensão do território protegido subirá do atual 1,5% para 25%
Herton Escobar, O Estado de S.Paulo
O presidente Michel Temer deu luz verde ontem para a criação de duas das maiores unidades de conservação marinha do mundo em território nacional, com uma área somada de quase 1 milhão de quilômetros quadrados – mais de três vezes o tamanho do Estado de São Paulo.
A proposta, defendida pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Defesa, prevê a criação de dois grandes blocos de áreas protegidas marinhas, ao redor dos dois territórios mais distantes e isolados da costa brasileira: os arquipélagos de São Pedro e São Paulo, e Trindade e Martin Vaz.
Ilha da Trindade,a 1200 km da costa brasileira, no litoral do Espirito Santo (ES). Foto: Wilton Junior/Estadão
As propostas foram apresentadas no início de fevereiro e seguem em consulta pública até o fim desta semana. “Acabado o prazo da consulta, o presidente poderá assinar os decretos”, disse o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Segundo ele, “não houve nenhuma objeção” à criação das unidades até agora. A expectativa é que os decretos sejam publicados no dia 19, durante o Fórum Mundial das Águas, em Brasília.
Com isso, a cobertura de áreas protegidas no território marinho brasileiro subirá do atual 1,5% para 25% – suficiente para cumprir a chamada “meta de Aichi”, que pede 10% de proteção para ecossistemas marinhos e costeiros.
Gigantismo
Cada bloco de área protegida será do tamanho do Estado do Paraná, com mais de 400 mil km², incluindo duas categorias de proteção: uma área de proteção integral, chamada Monumento Natural (Mona), para proteger os ecossistemas mais rasos e sensíveis das ilhas, cercada por uma grande Área de Proteção Ambiental (APA) em mar aberto, estendendo-se até 200 milhas náuticas de cada arquipélago.
O mosaico de São Pedro e São Paulo terá 40,7 milhões de hectares de APA e 4,2 milhões de hectares de Mona. Em Trindade e Martin Vaz serão 40,2 milhões de hectares de APA e 6,9 milhões de hectares de Mona.
Segundo especialistas, essas áreas abrigam espécies ameaçadas e endêmicas – que não existem em nenhum outro lugar –, além de formações geológicas únicas, que as tornam especialmente relevantes para conservação.
“Agora estamos armados com conhecimento e oportunidade para agir”, celebrou Sylvia.