COP 24 decide nesta sexta (14) se dá um passo adiante na luta contra a mudança climática

COP 24 decide nesta sexta (14) se dá um passo adiante na luta contra a mudança climática

No último dia da reunião na Polônia, países tentam definir o “livro de regras” do Acordo de Paris, firmado em 2015.

 

Adolescentes poloneses fazem um protesto na conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) em Katowice, Polônia. São os últimos dias de negociações para instar líderes de quase 200 países a chegarem a um acordo sobre formas de manter o aquecimento global sob controle. — Foto: AP Photo / Czarek Sokolowski

 

Os países que se reúnem no último dia da Conferência do Clima da ONU, a COP24, tentarão nesta sexta-feira (14) adotar as regras para aplicar o Acordo de Paris, que pretende definir como o mundo irá manter o aquecimento global abaixo de 2ºC até o fim do século.

Reunidos na cidade polonesa de Katowice, representantes de quase 200 países chegam ao final de duas semanas de árduas negociações. As conversas foram marcadas pela urgência de atuar de acordo com os mais recentes relatórios científicos — mas também pela rejeição, principalmente por parte dos Estados Unidos, de considerar a ameaça real.

Veja onde fica Katowice, na Polônia, que irá sediar a COP 24 — Foto: Claudia Peixoto/Arte G1
Veja onde fica Katowice, na Polônia, que irá sediar a COP 24 — Foto: Claudia Peixoto/Arte G1

A incógnita sobre a futura política climática do Brasil sob a presidência de Jair Bolsonaro e os protestos dos “coletes amarelos” na França contra uma taxa ecológica também pesaram no desenrolar da 24ª Conferência da ONU sobre o Clima, três anos depois das celebrações em Paris com o anúncio de um acordo histórico.

Com o aumento da temperatura de 1 grau centígrado em comparação à era pré-industrial e o avanço de 2,7% das emissões de gases do efeito estufa em 2018, os países mais vulneráveis tentaram buscar o consenso.

“Em alguns pontos, as negociações estão paralisadas”, afirmou na quinta-feira (13) o representante chinês Xie Zhenhua.

Depois que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) advertiu em outubro que o mundo não pode permitir um aumento da temperatura superior a 1,5 ºC, pois isso colocaria em risco o futuro da humanidade, os Estados Unidos — que participam nas negociações apesar da retirada do Acordo de Paris decidida por Donald Trump —, Arábia Saudita, Rússia e Kuwait se recusaram a apoiar o relatório.

Os quatro países defendem apenas “tomar nota” do estudo, enquanto União Europeia, os países em desenvolvimento e os Estados insulares querem uma “recepção favorável”.

O detalhe é significativo porque toda a ação climática internacional deve ser baseada nos resultados científicos.

Durante a semana, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que não é possível ignorar o documento e pediu a ação dos países. “Seria suicida não fazê-lo”, disse.

A polêmica ofuscou as duas questões cruciais abordadas na abertura da COP24: a elaboração das regras para aplicar o Acordo de Paris e a futura revisão dos compromissos nacionais de redução das emissões.

Brasil continua um dos principais articuladores

Para o secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Alfredo Helio Syrkis, o Brasil continua sendo um dos principais articuladores das ações climáticas. A afirmação foi feita à Radio France Internationale.

“Foi na Rio 92 onde tudo começou. O Brasil foi importantíssimo no protocolo de Kyoto, na reunião de Copenhague e também teve um papel muito importante na articulação do Acordo de Paris, que foi a primeira vez que 196 governos combinaram de fazer um esforço para que juntos pudessem combater o processo de aquecimento global”, declarou o secretário.

Duarte destacou que o Brasil conseguiu reduzir as emissões de carbono em 6 bilhões de toneladas entre 2006 e 2015, período que registrou queda significativa do desmatamento da Amazônia. Nos últimos três anos, as reduções chegaram a 3,9 bilhões de toneladas, observou.

Segundo a RFI, o ministro defendeu a permanência do Brasil no Acordo de Paris, em meio às sinalizações do próximo governo de retirar o país do acordo climático firmado, em 2015, por 196 países. O receio é que o governo brasileiro siga a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que abandonou o acordo em junho do ano passado.

No fim do mês passado, o Itamaraty anunciou que o país não sediaria mais a Conferência do Clima de 2019.

Terras indígenas também sob ameaça

Depois de o presidente eleito, Jair Bolsonaro, sinalizar que pode também flexibilizar as regras para a exploração de terras em reservas indígenas, ambientalistas ficaram preocupados com um possível aumento do desmatamento nas florestas brasileiras.

Presente na COP 24, a responsável pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, defendeu o Acordo de Paris e a demarcação das reservas como uma maneira de implementar ações locais contra o desmatamento.

Segundo a líder indígena, “as terras demarcadas são as mais preservadas e embora não haja uma política efetiva de proteção [das florestas], o próprio modo de vida dos povos indígenas garante a preservação”, declarou.

FONte: G1

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