Indústria da beleza está mais engajada

Indústria da beleza está mais engajada

Focadas no bem-estar, marcas de cosméticos conquistam adeptos com a opção de não incluir insumos de origem animal, bem como usar ingredientes naturais e não apoiar testes com cobaias

Na última edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), em março, a beleza do desfile da grife À La Garçonne, do estilista Alexandre Herchcovitch, foi assinada pela Simple Organic, marca nacional de maquiagem com itens 100% orgânicos, ou seja, sem derivados químicos de petróleo, silicone e parabenos. Foi a primeira vez que um cosmético do segmento colocou sua assinatura no visual das modelos de um desfile na maior semana de moda da América Latina. No mês passado, a Simple Organic também participou do backstage da Casa de Criadores, em São Paulo.

“Pensar em lançamentos de cosméticos durante os eventos de moda é uma forma de atender o crescimento deste público. A demanda para consumo existe”, garante Patricia Lima, fundadora da marca, que pretende lançar em BH, no segundo semestre, mais linhas de esfoliantes, pigmentos, iluminadores e outros itens de maquiagem, todos certificados pela Ecocert, selo que garante composições com no mínimo 95% de matérias-primas de origem natural e no mínimo 10% de matérias-primas orgânicas.

Assim como ela, outras marcas têm apostado neste viés, tratando de tornar o mercado dos cosméticos orgânicos, veganos e cruelty-free (livre de crueldade, em português) mais atrativo, além de lançar mais holofotes para o slow beauty – movimento nascido nos EUA que incentiva o consumo de cosméticos orgânicos (que não possuem derivados de petróleo ou sintéticos em geral). Para Bruna Miranda, jornalista e idealizadora da plataforma Review e do guia Slow Living, as novidades lançadas encorajam outras pessoas a terem uma maior preocupação com a leitura do rótulo e a verificarem a procedência dos produtos.

“As opções ainda são escassas, mas percebi, de uns dois anos para cá, que o mercado cresceu bastante e que a faixa de preços é bem variada, como em qualquer outra linha de maquiagem”, explica Bruna, que adotou a nécessaire com maquiagem vegana (feita com ingredientes sem origem animal) há quatro anos. “Foi um processo natural, e, aos poucos, fui entendendo melhor sobre os cosméticos. Antes achava que os que possuiam fórmulas químicas tinham textura e uma durabilidade maior, mas não há diferença. A fixação (da maquiagem vegana) é muito boa e atendeu minhas expectativas”, comenta. “Só tive dificuldade em encontrar um rímel, mas sempre testo marcas novas”, finaliza.

Patrícia faz coro. “Não é porque o produto é natural que não tem eficácia. A cobertura de uma base, por exemplo, é a mesma da de um produto com fórmulas carregadas de química. A escolha é pessoal, vai de cada um”, disse.

Ascensão

Tanto o consumo de beleza quanto o de moda está passando por mudanças, e o consumidor está cobrando uma preocupação ambiental real das marcas que consome. Segundo uma pesquisa do Laboratório de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o mercado de produtos de beleza naturais aumenta entre 8% e 25% ao ano no mundo todo, motivo mais do que suficiente para incentivar marcas a abraçar a causa e lançarem linhas especiais, como a Vult, que não é totalmente vegana, mas vem aumentando a opções deste tipo de produto.

“Percebo que a conscientização por escolhas melhores, seja qual for o motivo, está aumentando e é um avanço para que esses produtos ganhem maior visibilidade”, analisa Bruna Miranda.

Já a Lush, marca britânica de cosméticos criada em 1995 e com pontos de venda do Brasil, tem como missão a redução do impacto ao meio ambiente. A maioria dos produtos, como a linha de maquiagem completa, é vegana, e pensada com ingredientes à base de extratos de gardênia, violeta e clorofilina, por exemplo. Letícia Sanchez, gerente da marca, explica que muitos desafios vão surgindo durante o processo de elaboração. “Criar produtos com princípios éticos fortes, ingredientes naturais e feitos à mão em uma escala global é, certamente, uma revolução na indústria. Contudo, os processos e requerimentos derivados destes valores não são desafios para a gente, e sim, algo que nos move”, acredita. Os resultados são visíveis. “A pele fica mais saudável com o uso diário dos produtos naturais. O efeito é bem melhor e menos invasivo – e ainda hidrata”, conclui Bruna.

A dermatologista Patrícia Lycarião, que também simpatiza com a causa e é vegetariana, reconhece a eficácia dos produtos. “Alguns cosméticos que prescrevo, que não fazem testes em animais ou são orgânicos, possuem resultados excelentes. Um exemplo é o ácido fítico, que é extraído de grão de cereais como aveia e arroz, excelente clareador para olheiras”, acredita.

Fonte: O Tempo

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