Funcionários da Vale são presos em investigação sobre desastre em Brumadinho

Funcionários da Vale são presos em investigação sobre desastre em Brumadinho

Em ação desencadeada pelo MPMG nesta sexta-feira, oito funcionários foram presos. Os mandados foram cumpridos em BH, São Paulo e Rio de Janeiro

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. – 02/02/2019)

Oito funcionários da Vale, entre gerentes e integrantes de equipes técnicas, foram alvos de uma operação desencadeada nesta sexta-feira pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com apoio das polícias Civil e Militar. O objetivo da ação é cumprir mandados de busca e apreensão e prisão temporária como parte da apuração da responsabilidade criminal pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Até o momento, 166 mortes foram confirmadas.

“Os oito investigados presos são funcionários da Vale, dentre eles, quatro gerentes (dois deles, executivos) e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas. Todos são diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem 1, rompida no dia 25/01/2019”, informou o MPMG, por meio de nota. “As prisões temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias, tendo em vista fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo. Todos os presos serão ouvidos pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica”, diz o órgão.

Os mandados foram cumpridos em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital mineira e em São Paulo, foram alvos de busca e apreensão um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo técnico da empresa alemã Tüv Süd, que prestou serviços à mineradora referentes à estabilidade da barragem. Já no Rio, a ação foi na sede da Vale.
Ao todo, foram 14 mandados de busca e apreensão e oito de prisão temporária expedidos pelo Juízo da Comarca de Brumadinho. Também atuaram os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) de São Paulo e Rio de Janeiro.
“Os documentos e provas apreendidos serão encaminhados ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais para análise”, explica o MPMG. “As medidas estão amparadas em elementos concretos colhidos até o momento nas investigações”.
O Ministério Público também divulgou os nomes dos funcionários detidos hoje: Joaquim Pedro de Toledo, Renzo Albieri Guimarães Carvalho, Cristina Heloíza da Silva Malheiros, Artur Bastos Ribeiro, Alexandre de Paula Campanha, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira e Felipe Figueiredo Rocha.
Ainda segundo o Ministério Público de Minas Gerais, o pedido formulado “foi feito por intermédio da Promotoria de Justiça da Comarca de Brumadinho, da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO e do Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público – GEPP, no âmbito de força-tarefa”.

Também por meio de nota, a Polícia Civil disse que os presos foram levados para o Departamento de Meio Ambiente. Após a oitiva, serão encaminhados ao sistema prisional. O Ministério Público deve dar mais detalhes sobre as prisões ainda na tarde desta sexta.

Investigação complexa

O chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente e coordenador da operação pela Polícia Civil, delegado Bruno Tasca, informou que os funcionários da Vale presos na manhã desta sexta-feira estão no refeitório da delegacia aguardando os encaminhamentos. Apesar de juntos, eles estão sob escolta policial e não podem se comunicar.
Segundo o delegado, sete foram presos em Belo Horizonte e já estão no departamento e um em Itabira, que já está a caminho de Belo Horizonte. A previsão é que quatro sejam ouvidas pelo Gaeco ainda nesta tarde.
De acordo com Tasca, foram apreendidos documentos relacionados à barragem de Brumadinho nas casas dos investigados. Itens como computadores, celulares e dispositivos como tablets, HDs e pen drives já estão com a polícia e o MPMG.
Em Minas Gerais foram cumpridos oito mandados de prisão e nove de busca e apreensão. “Eles podem responder por crimes ambientais e homicídios qualificados, porque não houve possibilidade de defesa das vítimas, já que a lama veio daquela forma”, afirmou.
Todo o material vai para as mãos da força-tarefa, que é organizada por MPMG e polícia. Ainda não foi informado para qual instituição prisional eles vão. O delegado não descartou novos desdobramentos da operação. “É uma investigação bastante complexa, não é simples são inúmeras pessoas que tem que ser ouvidas, análise documental e pericial, então demanda tempo e com certeza outras pessoas serão ouvidas”, disse.

“Referente aos mandados cumpridos nesta manhã, a Vale informa que está colaborando plenamente com as autoridades”, informou a mineradora por meio de nota enviada ao em.com.br às 13h23 desta sexta. “A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”.

Deixe um comentário

Enviar um comentário